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domingo, 6 de março de 2011

Gladiolos.


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FISIOLOGIA DA PLANTA
Fenologia / ciclo
As variedades de gladíolo podem ser de ciclo curto, médio e longo, com a floração ocorrendo entre 65 até 120 dias após o plantio.
De modo geral, o desenvolvimento do gladíolo ocorre da seguinte forma:
a) 3-5 semanas após o plantio: surgimento de raízes e início de emissão das folhas;
b) 7-9 semanas após o plantio: desenvolvimento vegetativo;
c) 12-14 semanas após o plantio: lançamento de espiga floral e abertura das flores;
d) 16-18 semanas após o plantio: senescência das folhas, formação de novo bulbo e bulbilhos.

2 – EXIGIÊNCIAS DA CULTURA
2.1. Solo
O solo areno-argiloso, com boa drenagem e permeabilidade, permite melhor desenvolvimento da planta, principalmente dos bulbos. So­los mais argilosos podem ser utilizados, desde que não haja problema de encharcamento. O pH ideal fica na faixa de 5,5 a6,5.

2.2. Água
É necessário manter bom teor de umidade. A freqüência de irrigação vai depender das condições locais.

2.3. Temperatura
Em torno de 22-26o C. É bastante sensível a geadas.

2.4. Luz
É uma planta de plena insolação, não respondendo a fotoperíodo para a indução floral. Porém, em dias mais longos, maior será o seu crescimento e desenvolvimento.
Quando a produção de flores visa a uma data definida (fina­dos, dia das mães etc.), é importante atentar, principalmente, para os efeitos da temperatura e do comprimento do dia no ciclo da planta. Embora as variedades, dentro de cada grupo, tenham ciclos de floração bem uniformes, temperaturas elevadas e dias longos tendem a tornar a produção precoce, enquanto o inverso – baixas temperaturas e dias curtos – tendem a retardar a mesma.

3 – PLANTIO

3.1. Época
Em locais onde a temperatura média não fica muito abaixo da exigida pela cultura e não haja geadas, o gladíolo pode ser cultivado o ano inteiro. Entretanto, o plantio vai depender diretamente da épo­ca de comercialização das flores.

3.2. Variedades
As variedades cultivadas não apresentam muita diferença com relação ao porte das plantas, número de flores e tamanho da espiga e se distribuem, de acordo com o ciclo de floração, em:
a) Variedades precoces – Florescem em 60 dias, aproximadamente, após o plantio.
b) Variedades de ciclo médio – Florescem, em 80 dias, após o plantio.
c) Variedades tardias – Florescem em 120 dias, após o plantio.
O ciclo vegetativo (amadurecimento completo do bulbo) é 150 a 210 dias do plantio à colheita.
As variedades mais cultivadas e disponíveis para o produtor são:
“Peter Pears” (ciclo curto) – Flores dobradas, comumente chamadas de coral, devido à cor alaranjada das pétalas.
“Nova Lux” (ciclo médio) – Flores dobradas; pétalas de cor amarela.
“Gold Field” (ciclo médio) – Flores dobradas, pétalas de cor amarela.
“White Friendship” (ciclo curto) – Flores dobradas, de cor branca.
“Traderhorn” (ciclo curto) – Flores dobradas, de cor vermelha.

3.3. Escolha dos Bulbos
Os bulbos devem ser uniformes em tamanho e em quebra de dor­mência, para permitir também uma colheita uniforme de flores. As fir­mas produtoras vendem os bulbos classificados e com dormência quebra­da. O primeiro lote de bulbos a ser adquirido deve ser, preferivelmente, de bulbos de segunda geração (peso, altura e diâmetro em torno de 33 g, 2,4 cm e 3,2-3,8 cm de diâmetro, respectivamente), o que permi­te maior número de ciclos antes do descarte do lote. Este descarte o­corre porque gerações sucessivas tender a achatar o bulbo, aumentan­do-lhe o diâmetro e o ciclo vegetativo e onerando a produção. Existe uma relação direta entre tamanho de bulbo e qualidade da espiga flo­ral e produção e qualidade de bulbos-filhos.
O controle da brotação dos bulbos para a programação da flo­rada pode ser feito, armazenando os bulbos em câmaras frias, à tempe­ratura de 5° C, e com baixa umidade (70-80% u.r.), isto quando se quer atrasar o plantio, ou colocando-os em condições de temperatura e in­tensidade favoráveis (25°C - 90% u.r.) quando se quer apressar o mesmo.
Figura -2 – Classificação dos bulbos de gladíolo: A – em formação; B – bulbo “velho”; C – bulbilhos em formação; D – bulbo grande; E – bulbo médio; F – bulbilho.

3.4. Preparo do Solo e Adubação
Deve ser feito preparo em nível, se a topografia do terreno assim o exigir. Arar o terreno a uma profundidade de 25-30 cm e gra­dar.
Deve aplicar-se 20 litros/m2 de esterco bem curtido e 50-100 g da fórmula 4-14-8/m2, bem incorporados ao solo. São necessárias três adubações em cobertura com 10-30 g de sulfato de amônia/m2: a primei­ra aos 30 dias após o plantio, a segunda aos 60 dias e a terceira aos 90 dias, para uma boa produção de flores e bulbos. Em solos com com­provada deficiência de micronutrientes (B, Mo e outros), fazer aplicações de adubos foliares que tenham micronutrientes na sua formulação, na concentração recomendada pelo fabricante.


3.5. Sistemas de Plantio

3.5.1. Fileiras duplas
Podem ser utilizadas sem prejuízo para a cultura, já que as folhas são eretas e a maioria do sistema radicular situa-se num raio de, aproximadamente, 10 cm da planta. Neste caso, o espaçamento seria de 7x15x40 cm ou de 7x15x100 cm.
Para ambos os casos, uma variação no espaçamento dentro da linha vai depender diretamente do diâmetro do bulbo, variedade e con­trole fitossanitário podendo até dobrar a população quando forem usa_ dos bulbos pequenos.
Os bulbos devem ser plantados com as gemas voltadas para ci­ma, embora estas possam ser voltadas para qualquer posição. Podem ser também plantados a lanço, porém os tratos culturais ficam dificulta­dos.
O plantio de lotes de bulbos a cada 15 dias permite uma pro­dução continua de flores.


4 - TRATOS CULTURAIS

4.1. Capinas
Devem ser feitas quando necessário. No caso de produção de bulbos, a cultura deve ser mantida sem plantas daninhas até o fim do ciclo.

4.2. Irrigação
Manter uma freqüência de irrigação que evite o ressecamento do solo, até o inicio do amarelecimento das folhas. Condições desfavoráveis de umidade podem causar queima na ponta das espigas e apressar o ciclo, enquanto o excesso de água pode causar retardamento no ciclo até o apodrecimento dos bulbos caso esse excesso perdure por períodos longos.
Tutoramento
É uma das práticas mais importantes na cultura do gladíolo, cujas plantas apresentam grande tendência de tombamento, ocorrendo, em conseqüência, o desenvolvimento de inflorescências com haste deformada, sem valor comercial.
Através do tutoramento, é possível manter as plantas com crescimento vertical, com produção de flores em hastes eretas para otutoramento, utilizam-se ripas de madeira ou bambu e fitas plásticas ou fitilhos. Barbantes não são recomendados, Pois rompem-se com facilidade. Arames também não são utilizados pela dificuldade de se trabalhar com esses materiais. O sistema de tutoramento deve ser implantado logo no início da cultura, ou seja, de 15 a 20 dias após o plantio. O primeiro fio é instalado a 30 cm do solo, sendo ainda colocadas mais 2 a 3 fiadas, de acordo com o crescimento da planta, também espaçados de 30 cm.

4.3. Amontoa
Como o espigamento pode causar o tombamento da planta por excesso de peso, recomenda-se fazer amontoa quando as plantas atingirem 40 cm de altura. Se mesmo após a amontoa as hastes florais começarem a tombar, faz-se necessário o tutoramento das mesmas. Isto pode ser feito, colocando um arame ou mesmo bambu ao longo da linha de plantio.

4.4. Cobertura Morta
Favorece o controle de umidade, temperatura e plantas dani­nhas, além de permitir melhor estruturação do solo. Se o material utilizado for de alta relação C/N (ex.: bagaço de cana), deve-se aumen­tar a adubação nitrogenada.


4.5. Doenças e Pragas

4.5.1. Doenças
Até bem pouco tempo (1980), as doenças de maior importância no Brasil, para a cultura, restringiam-se ao bulbo. Porém, com o surgimento da ferrugem (Uromyces transversalis), que ataca toda a parte aérea da planta, passou-se a exigir um controle sistemático dessa doen­ça sob pena de perder a produção de flores e bulbos. Deve-se também dedicar especial atenção à podridão-de-fusario (Fusariumoxisporum), que ataca o bulbo no solo e durante o armazenamento, acarretando enormes prejuízos.
a) Podridão-dura (Septoria gladioli) – Mancha irregular no bulbo, de cor marrom-escura, sob as folhas envolventes. O tecido doente torna-se duro, até a mumificação completa do bulbo. Durante o crescimento, as plantas crescem pouco, não florescem e podem morrer prematuramente. Pode atacar folhas próximas da base, formando manchas de cor marrom-acinzentada, com margens claras. A infecção se dá no campo e dificilmente no armazenamento. No solo, o fungo permanece pelo me­nos por quatro anos.
b) Podridão-seca (Septoria gladioli) – O bulbo fica com man­chas vermelho-marrom escuras, de forma circular, ligeiramente deprimida, atingindo também as folhas protetoras. Vegetando, as folhas começam a amarelar, secam e podem apresentar na sua parte basal e naque­las de revestimento, vários escleródios.
c) Podridãode-penicilium (Penicillium gladioli)- Doença muito comum no armazenamento. Bulbos com manchas deprimidas, cor verme­lho-marrom, firmes, porém não como na podridão-dura, com dobras con­cêntricas, algumas vezes com uma cor amarelo-enxofre. Sob alta umida­de, desenvolve-se um mofo cinza-esverdeado. A infestação ocorre pelas lesões causadas durante o arranquio e o manuseio posterior. Manchas pequenas não impedem que se plante o bulbo, uma vez que não passa pa­ra os bulbos-filhos.
d) Podridão-de-fusario (Fusarium oxysporum pv. gladioli) – A infecção ocorre no solo e prolifera durante o armazenamento. Quando da colheita, as lesões aparecem como pequenas manchas d’água, mar­rom-escuras. As folhas protetoras se descolorem e se tornam quebradi­ças. No armazenamento, as manchas crescem. São irregulares, tendendo a circulares, deprimidas pela rápida secagem e pelo enrugamento do tecido; bordos definidos, comum pequeno halo aquoso. Ocorrem manchas com anéis ligeiramente concêntricos. O fungo permanece no solo por, pelo menos, cinco anos. Controle: imersão, durante 30 minutos, em solução de Manzate ou Benlate, ou Tecto 60 na concentração de3 g do produto comercial por litro d’água.
e) Amarelecimento (Fusarium sp.) – Descoloração e amareleci­mento da folhagem, devido á infecção dos feixes vasculares pelo fusa­rium. Podridão-marrom, começando pela cicatriz da base do bulbo, que penetra no seu interior e cresce também na superfície. Muitos bulbos morrem no campo e outros secam no armazenamento.
f) Podridão-de-botritis (Botrytis gladiolorum) – Pode atacar a folhagem, causando-lhe manchas claras e foscas, às vezes com cor marrom-avermelhada. Ocorre também no bulbo, durante o armazenamento de bulbos malcurados. Alta umidade relativa e temperatura entre 28 e 36o C constituem condição ideal para a infecção das folhas. Controle: pulverizações semanais com Benlate, Maneb ou similar e Zineb, na con­centração de 2 g/l do produto comercial.
g) Ferrugem (Uromyces transversalis) – Caracteriza-se pelas pústulas transversais que ocorrem nas folhas e hastes florais. Os sintomas iniciam-se por manchas descoloridas, pequenas, que se tornam salientes, em forma de pústulas de cor amarelo-alaranjada, formando posteriormente pústulas maiores, que tomam toda a área da folha. O pedúnculo floral e as sépalas também são afetados. Com o desenvolvimen­to, as pústulas tomam coloração pardo-ferruginosa. As flores produzi­das por plantas doentes são de qualidade e sanidade inferiores, e os bulbos-filhos não chegam à maturação. Se não for feito um controle intensivo, a produção de flores e bulbos fica totalmente comprometi­da. Controle: pulverizações semanais com Bayleton, Saprol ou Plantvax, na concentração de 2 g/l do produto comercial. O uso de fungicidas cúpricos é eficiente no controle da ferrugem e não causa danos às has­tes florais e aos bulbos, embora haja referência ao efeito tóxico do cobre sobre a planta.
h) Queima-de-curvulária (Curvularia trifolii) – Ataca qual­quer parte da planta, com mais intensidade as folhagens e inflorescências.
No bulbo causa lesões deprimidas, enegrecidas, que não proliferam no armazenamento.
i) Podridão-de-estromatinia (Stromatinia gladioli) – Ataca os bulbos, raízes e região do coleto. A região atacada apresenta grande abundancia de escleródios negros. Em geral, o fungo não apresenta crescimento durante o armazenamento. O fungo permanece no solo por três anos ou mais.
j) Queima-das-folhas ou Podridão-do-pescoço (Bacterium mar­ingatum) – Doença das mais comuns no gladíolo.
k) Mosaico (Doença virosa) – Causa manchas com coloração mais clara nas pétalas e também nas folhas. A transmissão dá-se por inse­tos sugadores.
Algumas medidas para evitar o aparecimento e disseminação de doenças podem ser tomadas, como segue:
- Durante o cultivo, as plantas doentes devem ser arrancadas e destruídas (bulbilhos também) e o solo, removido ou desinfetado.
- Rotação de culturas. Não repetir o plantio, no mesmo solo, pelo me­nos por quatro ou cinco anos.
- Manuseio apropriado e cuidadoso dos bulbos desde a colheita, limpeza e armazenamento. Evitar injúrias.
- Bulbos contaminados devem ser separados e destruídos, bem como os bulbilhos e os restos culturais.
- A boa cura é imprescindível à sanidade. Armazenar em galpão, 30° C, por 2-4 semanas.
-Termoterapia – Imersão em água, a 40°C, por 30 minutos ou, a 53°C, por 15 minutos.
-Armazenamento, em camadas pouco espessas, em bandeja com fundo telado, prateleiras etc., permitindo não só a temperatura adequada, co­mo também bom arejamento.

4.5.2. Pragas
a) “Trips” – Nada menos que 12 espécies de “trips” têm sido encontradas causando danos ao gladíolo. Dentre elas, a Taeniotripssimplex (Morison) é a principal.
Os “trips” atacam os bulbos, folhas, botões florais e flores do gladíolo. No seu ciclo de vida, o “trips” causa danos ao gladíolo, tanto na fase de larva quanto na adulta.
Nos bulbos, o ataque se verifica durante o armazenamento, e a região atacada apresenta um tecido de aparência corticosa, marrom.
No campo, atacam também as brotações novas, folhas e inflo­rescências, onde se reproduzem. As folhas atacadas tomam uma colora­ção prateada, tornando-se cor de palha, e os botões atingidos não se abrem normalmente. O “trips” não é facilmente visto nas plantas no campo.
O controle preventivo envolve boa limpeza e desinfecção dos bulbos na colheita e destruição dos restos culturais. Os bulbos arma­zenados devem ser tratados com naftalina, que deve ser colocada entre e sobre os bulbos recém-limpos, em ambiente com certo controle de arejamento (galpões, caixas cobertas ou mesmo sacos, não completamente herméticos), na quantidade de 500 g para 3.000 bulbos. O tratamento deve durar cerca de quatro semanas.
No campo, deve-se controlar, preventivamente, o “trips” com o uso de inseticidas sistêmicos (Phosdrin, na concentração de 2 ml/l do produto comercial), a fim de evitar que a floração fique comprome­tida.
b) Pulgão lanígero (Pseudococcus maritimus (Ehrt)) – Ataca especialmente bulbos armazenados, preferindo á porção basal do prato do bulbo e primórdios de raízes. Bulbos atacados murcham e originam plantas fracas. No campo, o inseto causa redução no crescimento da planta. A termoterapia (±50 C, por 15 minutos) elimina os Pseudococ­cusexistentes. No campo, o ataque pode ser controlado com insetici­das sistêmicos ou com o uso de inseticidas no sulco de plantio.
c) Pulgões (Myzus sp.) – Sugam as brotações dos bulbos, tan­to no armazenamento quanto nos plantios de campo. São bastante preju­diciais às plantas em formação. O controle no armazenamento é o mes­mo usado para o “Trips”. No campo, o uso de piretróides, ou outros inseticidas de contato, dá bom controle.
d) Nematóides (Meloidogyne incognita) – As plantas atacadas param de crescer, murcham e mostram galhas no sistema radicular e no bulbo.
Outros insetos mastigadores causam danos ao gladíolo, sendo necessário acurada observação das plantas durante o ciclo de cresci­mento.





LITERATURA CONSULTADA
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